A ALQUIMIA DOS QUATRO ELEMENTOS SOB UM OLHAR ESOTÉRICO CONTEMPORÂNEO
- Hélio Mateus Freire Nunes
- 14 de fev.
- 5 min de leitura
Atualizado: 10 de mar.
Ao adentrarmos no caminho do autoconhecimento, um dos primeiros termos que nos deparamos é o da Alquimia, palavra a qual tem suas raízes no árabe “Al-kimiyã”, onde o “Al” pode ser visto com um artigo definido “o/a” e “kimiyã” que tem ainda outras derivações: do grego “khymeia” que refere-se a arte de fundir metais ou a busca pela “transformação da matéria”, do egípcio “khem” que significa “terra negra” uma referência ao solo fértil do Nilo que simbolicamente traz a ideia de transmutação. De maneira direta podemos definir alquimia como “A transformação ou transmutação da matéria” e o artigo definido traz uma conotação de que esta é a única forma correta de trabalhar-se com a matéria.
A alusão inicial que temos ao pesquisarmos o termo alquimia, é a transformação do chumbo em ouro, esta metáfora trata-se da nossa transformação espiritual, de um caminho que é necessário ser trilhado para a “iluminação” do nosso ser. Veremos neste artigo como o processo de alquimia nos leva a iluminação.
Como a Alquimia está associada aos quatro elementos?
Os quatro elementos têm significados esotéricos que definiremos a seguir, dentre os seus significados, também encontramos as provas que necessitamos passar para a realização da transmutação desses elementos:
Terra: Representa a estabilidade, a segurança e o mundo material. Para dominarmos o elemento terra é necessário aprender com as adversidades, pois nelas encontramos as oportunidades. Aquele que sucumbe de dor em face a adversidade ainda não dominou o elemento terra.
Água: está associada às emoções, representa a fluidez, a adaptabilidade e o poder da purificação. Domina-se o elemento água possuindo flexibilidade para adaptar-se as variadas condições de vida, aquele que sofre diante do descontrole “caótico” de sua vida, ainda não dominou o elemento água.
Fogo: significa energia, paixão e transformação. É o elemento da vontade, da ação e da criatividade. Domina-se o elemento fogo quando controlamos nossos desejos e nossas ações. Aquele que ainda age em prol dos seus 5 sentidos e que, diante de insultos e injurias tornam-se iracundo e coléricos, ainda não dominou o elemento fogo.
Ar: Simboliza a mente, o pensamento e a comunicação. Domina-se o Ar quando temos clareza mental, quando plantamos apenas boas sementes no campo da mente, quando cada pensamento é analisado e transmutado. Aquele que ainda se perde em seus pensamentos e que não luta contra a morte do eu-pluralizado não dominou o elemento Ar.
O verdadeiro Alquimista sabe observar diariamente esses quatro elementos em sua vida, e com a auto-observação passa a controlá-los através da morte mística (clique aqui para ver o episódio 09 do canal Pistis Sophia)
Solve et coagula
Dissolver e coagular é um processo alquímicos de alta magia, representa dissolver as impurezas do ego e coagular nosso Real Ser. Ao observarmos os quatro elementos em nosso dia a dia, encontraremos uma legião de egos roubando nossa energia.
Encontramos o Solve et Coagula inscrito nos braços da simbólica imagem de Baphomet, tal imagem fornece um conjunto de simbologias que ilustram o tema trazido neste artigo. Baphomet representa a síntese da dualidade, a transformação do ser animal em Homem, suas mãos representam o aforismo de Hermes Trismegisto “o que está em cima é igual o que está embaixo”, em sua testa observamos o pentagrama, que em si só carrega uma riqueza de simbologias, mas trazendo para o contexto deste artigo, podemos ver os quatro elementos sendo coordenados pelo nosso Ser Íntimo. Outro símbolo importante é o falo representado pelo Caduceu de mercúrio, fica evidente que este domínio sobre os quatro elementos só é possível quando realizamos a transmutação sexual (clique aqui para ver o episódio 25 do canal Pistis Sophia), a magia elementar do verdadeiro Alquimista da Fraternidade Branca. Com os Ascenso da Kundalini acendemos o Facho que está sobre a cabeça do Baphomet com o fogo contínuo da transmutação.

Quando as adversidades dos 4 elementos se apresentarem em nosso dia a dia, indubitavelmente devemos realizar o processo de dissolver esses defeitos psicológicos e em seguida coagulá-los como virtudes.
A Conjuração dos Quatro
Durante o processo de estudo e domínio dos quatro elementos, são diversas as situações que nos colocarão em prova, citamos anteriormente duas grandes ferramentas que devem ser utilizadas para que o estudante possa evoluir dentro da senda na iniciação, há diversas outras ferramentas e práticas que podem ser empregadas paralelamente, como mantras, runas e conjurações, como a conjuração dos 4 que apresentamos a seguir.
Caput mortum, imperet tibi dominus per vivum et devotum serpentem! Cherub, imperet tibi dominus per Adam Jot-chavah! Aquila errans, imperet tibi dominus per alas tauri. Serpens, imperet tibi dominus tetragrammaton per Angelum et leonem. Mikhael, Gabriel, Raphael, Anael, fluat udor per spiritum Elohim. Maneat in terran per Adam Jot-chavah. Fiat firmamentum per Jehovah-Sabaoth. Fiat judicium per ignem in virtute Mikhael. Anjo dos olhos mortos, obedece ou dissipa-te com esta água santa. Touro alado, trabalha, ou volta à terra, se não queres que te aguilhoe com esta espada. Águia acorrentada, obedece ante este signo ou retira-te ante este sopro. Serpente móvel arrasta-te a meus pés ou serás atormentada pelo Fogo sagrado e evapora-te com os perfumes que queimo. Que a água volte à água, que o fogo arda, que o ar circule, que a terra caia sobre a terra, pela virtude do Pentagrama que é a estrela matutina e em nome do Tetragrama que está escrito no centro da cruz de luz.Amém… Amém… Amém…
A conjuração dos 4 elementos tem como objetivo o equilíbrio dos elementais atômicos de nossos corpos internos. Os elementais atômicos estão presentes nos quatro elementos da natureza, os gnomos no elemento Terra, as ondinas e as nereidas no elemento Água, os sílfos e as sílfedes no elemento Ar, e as salamandras no elemento Fogo. Indica-se que seja realizada a conjuração dos 4 juntamente com a invocação de Salomão e a conjuração dos 7.
Mas lembre-se estudante, toda ritualística deve ser realizada em prol da Auto revolução íntima do nosso Ser, devemos buscar aquilo que é real, não se deve utilizar este conhecimento para juntares tesouros na terra, pois a traça e a ferrugem consumirão não só o tesouro, mas também o seu dono.
Para saber mais sobre o tema conjurações (clique aqui para ver o episódio 20 do canal Pistis Sophia),
O Alquimista Contemporâneo
O verdadeiro alquimista tem como principal objetivo conhecer o seu interior, e transmutar toda a sombra e caos que há dentro de ti, encontrará desta forma a essência do teu espírito, a Pedra Oculta (ou Filosofal). Assim como traz o Vitriol (Visita Interiora Terrae, Rectificando, Invenies Occultum Lapidem) que pode ser traduzido como “Visita o Centro da Terra, Retificando-te, Encontrará a Pedra Oculta”.
Na atualidade o alquimista não necessita retirar-se da sociedade para realizar este trabalho, morar em mosteiros ou bem longe das grandes cidades, não importa onde esteja, pois o ambiente aonde o estudante se encontra faz parte do seu trabalho de autorrealização. Se moramos em grande centro urbanos temos o privilégio de observar o caos diariamente, sendo este um mero reflexo do nosso interior, a partir do momento que compreendemos que não há caos ou coisas erradas no mundo, começamos a nos retificar, e aos poucos começaremos a observar a Pedra Filosofal se formar dentro de nós.

Os 4 elementos estarão presentes em nossa vida independente do ambiente que nos encontramos, o trabalho deve ser realizado constantemente, em um mito grego a Esfinge de Tebas desafiava os viajantes a decifrar um enigma ou pagar com a vida, a Esfinge eliminava quem respondia errado. O enigma trazido pela Esfinge é o nosso autoconhecimento, ou conhecemos a nós mesmo ou padeceremos, decifra-me ou te devoro, domine os 4 elementos ou sofra com as consequências. Conheça a ti mesmo e conhecerá o Universo e os deuses.
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