NOSSAS MEMÓRIAS FAZEM ANIVERSÁRIO
- Lincol Pedro Drosdek
- 16 de mai.
- 5 min de leitura

Você está tendo uma semana relativamente boa e “do nada”, acorda mal emocionalmente, com sensações estranhas. Em dúvidas, se pergunta o motivo disso, uma vez que ultimamente as coisas estão bem. O que pode estar lhe ocorrendo é o fato de ter alguma memória sua “fazendo aniversário”.
Como assim?
Tudo aquilo que acontece ao longo de todos os dias da nossa vida e que de alguma forma não foi “fechado” (curado, sanado, resolvido, perdoado, etc.), tende a se repetir, seja de maneira física, com as mesmas histórias acontecendo ou em forma de sentimentos. Como nem sempre há uma boa memória dos fatos que aconteceram, nossa mente (inconsciente) tende sempre a nos avisar de que existe algo pendente. Agora, caro(a) leitor(a), você entende porque tantas histórias possivelmente se repetem em sua vida, pois ainda tem questões que não foram fechadas/curadas no passado.

Por exemplo: se você teve uma discussão com alguém há um ano e isto não foi resolvido. Por mais que você não lembre dessa história, a sua mente lhe trará memórias físicas e emocionais. Se durante aquela discussão que teve, você sentiu muita raiva, em torno de um ano depois estes mesmos sentimentos de raiva virão lhe visitar. Isso explica estes sentimentos que vem “do nada”. Porém, nada vem do nada.
É nesse ponto que precisamos olhar para estes sentimentos e tentarmos identificar o que pode ter acontecido em torno de 1, 2, 3, 5, 10, 20 anos atrás...isso mesmo, tem memórias que anualmente vem nos visitar em forma de sensações, sentimentos e se são questões intensas, acabam somatizando e se tornando doenças. Como resolver?
Para que nós possamos fazer as pazes com o nosso passado, primeiro é necessário sabermos que tudo o que já fizemos, vimos, falamos e pensamos está gravado em nosso inconsciente. São zilhões de gigabytes de informações armazenados em nós.
Quando falamos das memórias e pensamentos, precisamos entender que elas são uma espécie de organismos vivos dentro de nós. Sim, isso mesmo, são formas de vida dentro de nós, e que muitas vezes tem um domínio gigante sobre o nosso dia a dia.
Algo pode ter acontecido com uma pessoa há 15 anos, por exemplo, mas pode ter sido tão traumatizante que reverbera dentro dela como se tivesse acontecido ontem.
Compreendamos que mesmo que não possamos tocar fisicamente no pensamento, na memória e no sentimento, eles são energia e tem vida. Logo, se almejamos a cura, não há como não olhar para estas questões.
Por isso, é tão importante olharmos para nosso passado, sermos investigadores dele e fazermos as pazes com o mesmo. Buscar esquecer, colocar uma pedra em cima, ou qualquer coisa do gênero, nunca deu certo e nunca vai dar, porque nosso organismo é um sistema inteligente que sempre mostra no corpo quando algo não vai bem e não foi “fechado”.
Angústias, crises de ansiedade, doenças, e outros problemas atuam como um mapa que mostra onde está o problema. São como as luzes no painel do carro. Elas acendem para mostrar que há um problema no veículo, mas o problema não é a luz no painel, pois ela só aponta algo. Da mesma forma precisamos olhar para os sintomas em nós. Os sintomas não são do mal, mas mostram algo que não foi curado e está fazendo mal. Há que sabermos fazer esta distinção.
Portanto, o 1º passo para quem quer realmente curar-se das feridas do passado é compreender que os sintomas e doenças não são inimigos, mas sim, professores que estão indicando e ensinando-nos que precisamos olhar para aquilo que está guardado em nosso interior, sejam traumas, mágoas ou conflitos e trabalharmos na cura deles;
2º passo: O perdão é premissa básica para a cura de feridas emocionais e físicas;
3º passo: É importante compreendermos que existem 3 tipos de perdão. O pedido de perdão à outra pessoa; perdoar uma pessoa e; o auto perdão. Para cada história, vale a análise de como estes perdões se aplicam;
4º passo: Se você não tem mais acesso a esta pessoa, por qualquer motivo, realize este trabalho do perdão dentro de ti, meditando sobre a questão que aconteceu. Prática: com os olhos fechados, volte nas cenas que aconteceram, porém, veja a cena de fora, como um filme, porque se você reviver como foi na época, irá possivelmente sofrer como sofreu naquele dia. Quando conseguir olhar para a cena, perceba que aquela pessoa que fez algo a ti ofereceu “o melhor” dela naquele momento, mesmo sendo “o pior” para você. Utilize a mesma prática se foi você quem fez algo, por isso o auto perdão também é importante. Lembre-se que naquele instante aquilo era o "melhor" que você poderia ter oferecido, mesmo hoje sendo algo possivelmente equivocado e reprovável. Olhar para o passado é importante para nos investigarmos e analisarmos o que podemos melhorar quando novas oportunidades surgirem.
Lembre-se: "Aquele que não estuda o seu passado, está condenado a repeti-lo." Tendo este entendimento, fica mais leve o trabalho dos 3 perdões a serem realizados;
5º passo: Logo após você conseguir voltar nas cenas que lhe afligiram, que causaram mágoas e traumas e iniciar o processo do perdão, diga para você mesmo(a) no passado: “Você não precisa ficar mais aí, em sofrimento, já acabou, veja, estamos em “tal dia” (cite o dia de hoje). É importante dizer a data ou o ano para você mesmo(a), pois é uma forma de lhe localizar temporalmente, vir para o presente e trazer Luz à esta memória que estava estagnada no passado, lhe gerando sofrimento;
6º passo: Quantas vezes devemos repetir esta prática? Um grande Mestre já nos ensinou: “Perdoai 70x7”. Faça isto quantas vezes forem necessárias, até que você perceba que não há mais nenhum peso em ti a respeito daquela história. Para facilitar esta autoanálise, estude o filme “A Cabana”. Esta obra-prima tem muito a ensinar sobre a cura das feridas emocionais;
7º passo: Uma das questões mais nocivas e que comumente as pessoas fazem é quererem apagar o passado, colocar uma “pedra em cima”, esquecer e assim por diante. Nossa mente não consegue apagar nada. Ela no máximo “oculta” os fatos, o que pode trazer uma sensação de esquecimento, mas nada realmente se apaga. Enquanto não fazemos as pazes com nosso passado, ele insistentemente baterá em nossa porta, não como um mal, mas como um filho que pede ajuda. Por isso, diante disso, também é sempre válido pedir ajuda à nossa Mãe Divina, para que ela lhe ajude a eliminar o ressentimento, a mágoa e rancor que possa persistir em se manter aflorado. Com o tempo, prática e paciência, logramos êxito e alcançamos a dita de uma vida mais harmoniosa e consciente.
Querido(a) leitor(a)! Que este breve texto, possa ter trazido algumas reflexões acerca da importância do perdão e do perdoar. Sabemos o quão desafiador é colocá-lo em prática e este texto se propôs a justamente auxiliar você a encontrar este caminho libertador (liberta-a-dor).
Paz Inverencial
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