ALMAS GÊMEAS: UMA REFLEXÃO REALISTA
- Aracides Montreal Maciel
- 26 de jul.
- 4 min de leitura

Segundo o mito apresentado por Platão no Banquete, os humanos eram, mentalmente andróginos. Posteriormente, foram divididos em razão e emoção, unidos pelo “umbigo” — o assento dos desejos — ou seja, pelo sistema límbico, alimentando, assim, a mente.
Na narrativa, o cauteloso Zeus (representando as Leis), ao analisar a presunção de autossuficiência da mente humana (o desejo de ser Deus), separou-os fisicamente em masculino e feminino para enfraquecê-los — embora, na verdade, o objetivo fosse fortalecê-los por meio das experiências e conscientizá-los. Divididos em dois, cada parte passou a procurar sua outra metade original no plano físico — metade que, na verdade, encontra-se dentro de si mesmo.
O tão aclamado “Amor”, portanto, é o encontro com essa metade interna: a busca constante e incansável pela reconexão consciente com o “Todo”.
O mito das Almas gêmeas, fundamenta-se na Gnose, à união sexual entre homem e mulher, ou seja, à transmutação da energia masculina e feminina, para que ocorra o casamento real entre a alma humana com a alma Divina.
A fusão com a "outra metade" é essencial para compreender o Amor por meio da eliminação dos desejos (pensamentos). O mito do Andrógino afirma que éramos, originalmente, esferas perfeitas, compostas de masculino e feminino (androginia), mas que fomos nos fragmentando à medida que a luxúria era fomentada, adulterando, assim, a essência.
O distanciamento da “alma gêmea” ocorre devido à nossa arrogância ao desafiar as Leis Universais da Natureza, praticando o sexo instintivo (prazer inconsciente) — assim como Adão e Eva fizeram, sendo expulsos do Éden por desobedecerem à Lei.
O conceito de “almas gêmeas” no imaginário social geralmente evoca uma fantasia de conexão profunda e reconhecimento instantâneo entre duas pessoas. Na prática, essa idealização mascara uma busca ilusória por preencher carências emocionais mal resolvidas.
Diante disso, faço aqui algumas revelações cruciais sobre essa trama utópica, sem receio de desconstruir expectativas:
Este planeta é uma escola regida pelas Leis Universais da Natureza, especialmente a 3ª Lei (Ação e Reação). Assim, os encontros são providenciados por essa implacável Lei, com o objetivo de nos conduzir à autorresponsabilidade.
Neste mundo, não existem “casais perfeitos" – todos estamos aqui para aprender. Portanto, não busque alguém ideal, pois o que falta em você, sobra no “outro” (cônjuge). Lembre-se: a perfeição deve ser buscada dentro de si mesmo;
E recorde o ditado: “Cada qual com seu igual”, ou, em linguagem popular, — “Cada diabo com sua diaba”.
Dinâmica inconsciente das relações:
Investe-se energia nos relacionamentos na falsa esperança de alcançar felicidade e constituir uma “família perfeita”, no entanto, esses vínculos são apenas laços emocionais kármicos;
As aproximações ocorrem porque projetamos nossas fantasias, medos e desejos no parceiro (a);
Busca-se obsessivamente a pessoa "ideal", gerando exigências absurdas, frequentemente acompanhadas de decepções e desejos infrasexuais.
O ciclo vicioso:
Essa dinâmica leva inevitavelmente à frustração: tenta-se preencher o vazio com mais vazio, gerando apenas desconforto.
A atração instintiva sexual é, na verdade, uma busca inconsciente por si mesmo – um prazer sexual efêmero e inconsciente que amplia as crises existenciais.
Orientações:
Se você já está se relacionando com alguém, continue. Mantenha-se firme. Compreenda que essa pessoa é a chave, e que todos os desconfortos são resistências internas suas em compreendê-la — ou seja, negar o outro é negar a própria sombra. Lembre-se que o “outro” é somente um espelho.
Se ainda não encontrou alguém, deixe que o destino kármico se encarregue disso. Mas cuidado: não se engane pensando que você é um santo e que merece a melhor pessoa no mundo.
A compreensão não vem dos prazeres, mas do controle consciente sobre eles.
Transmute sempre a energia sexual com seu parceiro (a).
A transmutação só funciona entre os princípios masculino e feminino.
Compreenda: só se preenche o vazio interno buscando o verdadeiro Ser. É n’Ele que reside o verdadeiro Amor.
Equívocos sobre "almas gêmeas":
Confunde-se o conceito com relacionamentos amorosos;
Confunde-se o prazer inconsciente com “amor”.
Confunde-se dependência emocional com “amor”.
Confunde-se paixão (sofrimento) com “amor”.
Essa relação aparentemente amistosa conduz, com o tempo, ao confronto com a realidade: uma dolorosa e frustrante insatisfação.
Um ciclo vicioso de tentativas de preencher o vazio com mais vazio, causando ainda mais dor.
A atração instintiva pelo outro é, no fundo, uma busca inconsciente por si mesmo — infelizmente, dominada pelos desejos, que tentam suprir o vazio existencial com mais e mais prazer inconsciente e passageiro.
O sexo comum tornou-se uma necessidade cruel e infeliz de satisfação. É um poço sem fundo: quanto mais se pratica, mais se rompe a conexão com o Ser.
A energia sexual é a fonte da Vida, mas muitos sofrem como “Tântalo”: a fonte está próxima, mas, por ignorância, parece inalcançável — gerando uma angústia insaciável.
Nossa vida não será resolvida pelos prazeres mundanos, mas pelo controle consciente desses impulsos. Se você realmente deseja curar-se e preencher o vazio existencial do Ser, abandone a ignorância DO PRAZER INCONSCIENTE.
O caminho da integração:
Somente o prazer consciente nos conecta com nosso Íntimo (Alma);
Abandone a fantasia da pessoa perfeita;
Aceite as lições que a vida lhe apresenta, sem resistências.
Homens: não neguem sua "Eva" (emoção projetada na parceira);
Mulheres: não neguem seu "Adão" (razão projetada no parceiro).
A verdadeira união:
Revolução Espiritual surge quando razão e emoção se integram;
O outro é um espelho do inconsciente: tentar dominá-lo é evitar o contato com a Alma;
Transmutação sexual é a chave: unir os princípios masculino e feminino sem ceder ao espasmo instintivo;
"Fazer Amor" verdadeiramente difere radicalmente do ato sexual instintivo ("fazer ódio" energeticamente). Fazer Amor é transmutar a energia sexual.
O "Matrimônio Perfeito":
Ocorre na união cerebral (hemisfério esquerdo + hemisfério direito);
É a fusão interior das almas gêmeas Budhi-Manas (as filhas de Atman, o Íntimo);
Realiza-se nas "Bodas Alquímicas", que sintetizam Alma Humana e a Alma Divina com Deus.

A verdadeira alma gêmea não se busca no outro, mas nos reflexos de si mesmo percebidos no outro.
A alma gêmea é o encontro entre o humano e o Divino dentro de si.
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